sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Albinos em Moçambique

   Em Moçambique, ser albino é sinônimo de mito e todos têm um para contar, como o de que "eles não são enterrados, porque desaparecem" ou "a grávida que encontrar um albino vai ter um bebê albino.

   A maioria dos albinos em Moçambique não está em uma posição privilegiada na sociedade, sempre em trabalhos inferiores, isso quando conseguem trabalho. Os albinos são descriminados e assassinados, como se fossem uma maldição.

   O casal de fotógrafos Solange dos Santos de (moçambicana) e Dominique Andereggen (suíço) e a Adods (“Associação defendendo os nossos direitos”), uma organização moçambicana sem fins lucrativos, que visa garantir que os direitos das pessoas portadoras do albinismo sejam respeitados se uniram para fazer algo a respeito deste tema. Os fotógrafos sentiram a necessidade de fazer um trabalho revelador sobre estas pessoas que sofrem tantas crueldades quando vieram morar em Moçambique. Assim, em parceria com a Adods, nasceu o livro e a exposição fotográfica: “Filhos da lua”.

  
José de Sousa, técnico administrativo de profissão é um dos exemplos vivos de descriminação e contou na primeira pessoa à “Voz da América” um dos casos que continua a marcar a sua vida.
   
  “Um dos casos que mais me marcou foi no emprego. Fui uma vez prestar provas para uma vaga. Tive a melhor nota, mas não fui admitido, simplesmente por ser albino e o patronato achou-me incapaz de exercer a atividade”, lembrou com muita mágoa José de Sousa.


   Seguem trechos do livro e algumas fotos da exposição “Filhos da Lua”: 


  
    “Tudo começou no leste da África há alguns anos atrás, quando vivíamos na Tanzânia, indiscutivelmente o pior lugar do mundo para nascer com albinismo. O país tem uma das maiores populações de albinos do mundo e eles estão sendo perseguidos pela sua pele branca. É um lugar onde ser albino é quase uma sentença de morte. A notícia dos assassinatos macabros, mutilações e sofrimento dessas pessoas bonitas deixou uma impressão muito forte em nós“.


                                        

   “É uma maldição nascer albino na África Equatorial. Eles estão sob ameaça do câncer de pele e, por isso, raramente vivem para além dos 40 anos de idade. Além disso, a perseguição de pessoas com albinismo é baseada na crença de que partes de seus corpos transmitem poderes mágicos. Esta superstição está presente em algumas partes de África. As pessoas são condenadas ao ostracismo por causa do seu tom de pele. Elas são confrontadas com a discriminação, caçadas como animais e brutalmente atacadas tendo os seus membros decepados (braços, pernas, órgãos genitais) para serem vendidos no mercado negro para rituais de feitiçaria“.

   



   O Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, considera que a situação em Moçambique continua melhor, relativamente a países como a Tanzânia, onde os albinos chegam a ser perseguidos nas comunidades, contudo, lamenta a prevalência dos preconceitos e disse esperar que a obra ora lançada contribua para consciencializar a sociedade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário