Em Moçambique, ser albino é sinônimo de mito
e todos têm um para contar, como o de que "eles não são enterrados, porque
desaparecem" ou "a grávida que encontrar um albino vai ter um bebê
albino.
A maioria dos albinos em Moçambique não está
em uma posição privilegiada na sociedade, sempre em trabalhos inferiores, isso
quando conseguem trabalho. Os albinos são descriminados e assassinados, como se
fossem uma maldição.
O casal de fotógrafos Solange dos Santos de
(moçambicana) e Dominique Andereggen (suíço) e a Adods
(“Associação defendendo os nossos direitos”), uma organização
moçambicana sem fins lucrativos, que visa garantir que os direitos das pessoas
portadoras do albinismo sejam respeitados se uniram para fazer algo a respeito
deste tema. Os fotógrafos sentiram a necessidade de fazer um trabalho
revelador sobre estas pessoas que sofrem tantas crueldades quando vieram morar
em Moçambique. Assim, em parceria com a Adods, nasceu o livro e a exposição
fotográfica: “Filhos da lua”.
José de
Sousa, técnico administrativo de profissão é um dos exemplos vivos de
descriminação e contou na primeira pessoa à “Voz da América” um dos casos que
continua a marcar a sua vida.
“Um dos casos que mais me marcou foi no
emprego. Fui uma vez prestar provas para uma vaga. Tive a melhor nota, mas não fui
admitido, simplesmente por ser albino e o patronato achou-me incapaz de exercer
a atividade”, lembrou com muita mágoa José de Sousa.
Seguem trechos do livro e algumas fotos da
exposição “Filhos da Lua”:
“Tudo começou no leste da África há alguns
anos atrás, quando vivíamos na Tanzânia, indiscutivelmente o pior lugar do
mundo para nascer com albinismo. O país tem uma das maiores populações de
albinos do mundo e eles estão sendo perseguidos pela sua pele branca. É um
lugar onde ser albino é quase uma sentença de morte. A notícia
dos assassinatos macabros, mutilações e sofrimento dessas pessoas bonitas
deixou uma impressão muito forte em nós“.
“É uma maldição nascer albino na África
Equatorial. Eles estão sob ameaça do câncer de pele e, por isso, raramente
vivem para além dos 40 anos de idade. Além disso, a perseguição de
pessoas com albinismo é baseada na crença de que partes de seus corpos
transmitem poderes mágicos. Esta superstição está presente em algumas partes de
África. As pessoas são condenadas ao ostracismo por causa do seu tom de
pele. Elas são confrontadas com a discriminação, caçadas como animais e
brutalmente atacadas tendo os seus membros decepados (braços, pernas, órgãos
genitais) para serem vendidos no mercado negro para rituais de feitiçaria“.
O Ministro da Saúde, Alexandre Manguele,
considera que a situação em Moçambique continua melhor, relativamente a países
como a Tanzânia, onde os albinos chegam a ser perseguidos nas comunidades,
contudo, lamenta a prevalência dos preconceitos e disse esperar que a obra ora
lançada contribua para consciencializar a sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário